sábado, setembro 10, 2005

Emplasto

Eu tinha uma idéia que era um soco no estômago e que me desesparava. " (...) pendurou-se-me uma idéia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrogantes cabriolas de volatim que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te"*.

Sim, decifrei-a. Mas ela continuou a devorar-me voraz e impiedosamente, com as dúvidas que não cessavamm e que, abrasivas, corroíam. Uma ideía livre e saltimbanca, com uma auto-anomia que não mede escrúpulos. Livre, não segue a regra de não ferir para não ser ferido. Idéia que me rege e não me guarda. (Idéia que é minha mas não me livra de alusões e citações).

Inimiga e corrente. Ela me unia a algo e me trazia uma felicidade inconsciente. Quando me desfiz dela, meu consciente nunca esteve tão perto do meu inconsciente e eu nunca me senti tão triste e tola. O que me unia de desfez, e eu finalmente me libertei.

A liberdade nunca havia me parecido tão aterrorizante.



*"Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis

Um comentário:

Anônimo disse...

guria que fala grego... não me entenda mal... ou simplesmente não me entenda assim... ou não tente entender...

maldita mania que os seres humanos tem de querer entender tudo... eu mesmo quero entender grego agora...

mais um post q não entedi e queria entender... eu deveria ler mais... preconceito bobo com bibliotecas...