terça-feira, outubro 03, 2006

Histórias de Metrô II (parte II)

Eu deixei que o senhor leitor bem me julgasse, ou muito mal. Não por acaso, não posso controlar meus sentimentos enquanto o fim do espetáculos, oras, não chega ao fim! Amargura? Se for necessária pra compreender! Sadismo? Se for necessário pra não se envolver...

"Por que não pode falar? Você sabe que sempre pode falar comigo."
"Isso eu prefiro não falar"
"Eu te amo, você nem tem idéia."
"Eu também te amo."
"Então por quê? Pra quê?"
(murmúrios femininos)
"Eu te amo, não faz isso comigo."

E ela fez. E o espetáculo acabou. Pensei: teriam sido felizes? Com certeza. A conversa monótona, mas tão sofrida, não permitiria que a felicidade voltasse. A peça chega ao fim algum dia, e julguei tolo aquele homem que não entendia que a um texto de teatro não se fazia remendos, extensões, senão não seria arte. "Senão era mais uma dor... Senão não seria o amor". Era cúmplice do homem que havia sido meu motivo de chacota alguns instantes antes, quantas vezes eu não havia implorado por um ato a mais, nos mínimos ou máximos gestos? Quantas vezes eu não quis fazer remendos desleixados e estragar tudo? E eu estava ali, do lado, parada e olhando pra frente, enquanto meu pensamento só queria sacudir aquele ator e gritar em sua face abatida: a peça acabou, está ouvindo? ACABOU! Saia do palco já, saia desse metrô, agora é a sessão dos palhaços. Dos palhaços, entendeu?! Saia já!

E eu saí.

2 comentários:

Anônimo disse...

LINDO, Lú


daquelas coisas que não dá pra explicar em papel, sabe?

[saudades dos seus textos!]

Anônimo disse...

pois é! vou protestar aqui tbm...
e falar sobre tapas na cara...
ai!?