domingo, fevereiro 03, 2008

Desaromatiza

Há dois dias eu não sinto cheiro algum. Acordo e não sinto meu hálito de manhã, é quase um não-acordar. Hálito matutino não é algo que pensasse ser essencial, mas contabilizo dois dias de não-acordar. Sem cheiro de café, e o café estava lá. Comer o pão dominical sem sorver-lhe o gosto não traz expectativas de um novo dia.

Tomo banho quando sinto que estou suada. Depois do banho, não sinto o cheiro do sabonete na toalha. O creme que eu achava que tinha um cheiro estranho não tem mais cheiro. Comprei um perfume novo semana passada. Isso é para sempre? Não tenho vontade de comer. Isso é para sempre? Acordar sem teu cheiro no travesseiro. É para sempre? Nem um trisco da canela do arroz-doce de mamãe.

Aquelas palavras que me disse, eu sei que elas tiveram um cheiro. Tenho certeza. Seriam compreensíveis, se estivesse sentindo. Fariam sentido, como soldados na chamada. Fariam sentido, as sentiria, as absorveria, cheiro de manhã de concreto molhada com arranha-céu incomodando as nuvens, cheiro de partida. Eu entenderia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da parte do halito matutino...
D

Tefo disse...

Oi! Durante maior parte da minha vida eu não tive olfato, e concordo com você: a percepção dos cheiros traz substância ao dia.

Lívia Aguiar disse...

viva O Perfume! já leu?