quarta-feira, julho 09, 2008

Solilóquios VI

(...) senti uma súbita falta da existência despretensiosa, um mundo de sutilezas e eufemismos onde as palavras nada tocam além de si próprias; existem por sua própria leveza e graça, sem dizer respeito aos sentimentos que assolam a humanidade (essa pandemia irrevogável). À palavra o que lhe é própria: a pressão nos lábios, língua nos dentes, vibrações no céu da boca, e a certeza de que elas não tocam recantos profundos do outro a não ser através de insondáveis ecos. Ao sentimento o que é sentido: sinta, e eu não falo.