quarta-feira, julho 07, 2010

Prólogo

... mas acontece que eu não gosto de cachorros e hoje um cachorro me ajudou a atravessar a rua, e vive-versa, e a cama continua parecendo vazia mas o coração parece cheio de alma e da desacreditada fé.

terça-feira, julho 06, 2010

Uterina almarilha

"Eva, I'm sorry but you will never have me
To me your just some faggy girl and I need a lover with soul power
And you aint got no soul power"
OF MONTREAL, Bunny Ain't No Kind of Rider


Um dia exaustivo e a cama. Eu amo a cama.

A cama e seu tamanho excessivo, seu edredom-virol-coberta, mais travesseiros do que preciso, o reino sultanesco prometido de quem acorda às cinco e meia e só volta às oito da noite. Luxo que é um útero para esses um metro e setenta e quatro, mais alguns centímetros de cabelos e unhas, essa menina gigante que adora retornar a um sono profundo e primordial, e nascer novamente. Ou não nascer. Ou esquecer...

...Da cama e seu tamanho excessivo, que faz eu me cansar rolando de um lado pro outro antes de pegar no sono (p'ra aproveitar o espaço). Seu edredom-virol-coberta que são exagerados até para o inverno, e mal suprem falta de calor humano. Dos muitos travesseiros que não substituem os abraços. Calvário de quem acorda cinco e meia da manhã e volta só às oito da noite, não se importando em gastar um pouco mais o corpo com alguém. Para lembrar que estou aqui, mas isso estranhamente só faz sentido porque alguém está aí, que me entenda/faça entender melhor que um espelho, que um útero. Falta um cordão umbilical para adultos, que dê mais que alimento: alma. Lama. Anagramas, trocadilhos infames e risos. Riso e outro esquecimento.

Eu odeio a cama.

sábado, junho 05, 2010

.

Eu quero me livrar desses títulos apoteóticos que prometem mais que cumprem.

Desses sonhos que distraem mais que realizam.

Desses amores que perecem mais que enraizam.

...

Mas como cumprir, realizar, enraizar, sem prometer, sonhar, perecer?

...

Ouve o meu chorinho e m'ensina, Zé.

sexta-feira, abril 09, 2010

Despeje água fervente

E agora eu chego aqui e começo a escrever um monte de coisas, não sei que coisas. Qualquer coisa para cortar esse silêncio que só faz ecoar mágoas, féis (?), féus, troféus, le feu. Bleu, tout bleu.

Um balde de água em algumas gotas de algo amargo, que talvez fossem desses remédios que fazem o terror da vida das crianças, mas que saram. Para beber, beber, e o gosto amargo ser um fundo esquecido, que dele só fique a cura.

Eu chego aqui e escrevo essas palavras para dissolver. Só dissolver, como eu tenho me dissolvido nessas ruas tortas e errantes. Ficando perdida de vez em quando, me encontrando na porta de casa. me acabando em pistas de dança, deixando um pedaço aqui e outro lá... Perdendo e achando depois.

Perdendo essas palavras, bleu, do baton rouge, do francês que eu queria, the english I read, o português que me resta, o brasileiro que não nasceu e o crioulo que nasceu lá no Cabo Verde, onde o turismo aumenta e falar do coração já não é mais pecado.

Bo ta bai?

sábado, janeiro 23, 2010

Pelas metades

agora, as meias-palavras

gos
lia
mor
tran

metade do meu tato, meias-verdades

xo
nho
si
va

metade da sua honestidade, meias-mentiras

dio
dade
mal
isso
ão. não.

mas sem o resto. você não merece a unidade.

(e as minhas metades são só um quarto)