quarta-feira, março 21, 2007

Spin

As coisas não deveriam ser assim, mas são. Duas partículas negativas deveriam se repelir, mas não se repelem simplesmente porque giram. Não sinto repulsão simplesmente porque o mundo dá voltas, o pensamento dá voltas, o pensamento volta, minha mente elétrica em movimento gera um campo magnético, um magnetismo ou diamagnetismo, não sei. Pra uma partícula neutra eu sequer existo e para qualquer outro pensamento inquieto eu posso ser uma máquina de destruição em massa.

Ou não. Somente parte de um a-tomos. Indivisível.

***

Conseguiram desenhar um orbital, e em três dimensões, num plano cartesiano com eixos x, y e z. Sem o terem visto. Sem saberem que existe. Só para ter a satisfação de saber a ínfima área em que é mais provável se encontrar algo que também não viram. Algo que não vemos ou pegamos, mas que teoricamente somos feito de - embora sua massa seja desprezível e nosso vácuo, incomensurável.

Queria que desenhassem o amor, ou o desejo, ou a paixão, para que pudesse ao menos saber a ínfima área que que é mais provável que meu pensamento esteja - mesmo que às vezes pareça não ser lugar algum da Terra! Que os desenhem, sem os terem visto. Que os desenhem, já que somos feitos deles - embora às vezes sejam desprezíveis e nosso vácuo, incomensurável. Nem precisa ser em três dimensões, pode ser em duas (num guardanapo), pode ser em uma (a nossa) ou noutro universo (paralelo). Mas desenhem (de modo didático) e ensinem nas escolas, nos cursinhos, cobrem nos vestibulares, apareçam em matérias específicas de toda uma vida. Não conseguiram com os orbitais?