sexta-feira, março 21, 2008

Eidetismo IV

Infância

E veio a colônia de férias. A única certeza que eu tinha sentada no fundo daquele ônibus colorido era de que eu não estava entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo, que talvez aquilo tudo fosse a extensão de um sonho sem tato ou algo assim. Às vezes eu jogava um jogo e jogavam a bola em mim e eu jogava neles todos os palavrões que eu (ainda) não tinha aprendido, e jogava lágrimas ao léu perguntando a mim mesma o que eu deveria ter feito pra minha mãe ter me mandado pro limbo. Mas sempre chegava a hora da piscina. E melhor, a hora de escovar os dentes. Só aí poderia trocar Colgate por Tandy de tutti-frutti, aquele que tinha um coelho desenhado no tubo - e gosto de infância.

4 comentários:

Unknown disse...

Hmmm!!
Tandy!!! Lembra daquele que não era um tubo, era tipo um recipente de espuma de barbear!?

Você viu a minha infância e copiou aí nesse textículo, né?!
XD

)pai borbas(

Unknown disse...

)seu poema ali debaixo é tãããão bonitnho!! Viu Via Láctea!? O filme?! Seu poema me pareceu com o filme de algum jeito..=](

Guilherme D. disse...

Seus textos são sempre tão leves e cristalinos (pelo menos os três que já li)
Gostei do modo como você tracejou a infância: o medo, o sabor da pasta de dente. Mas, pelo título, será que você não gostaria de passar a vida toda nessa fase da vida? Por mais que tenhamos lembranças cruéis dessa fase, sempre odores e sabores e sorrisos dessa época compensam. Ela nos pareceu ideal.
(só não entendi o IV... Já escreveu outros três com esse mesmo título?)

Beijos!

Natacha Orestes disse...

Que triste.

Mas a pasta de dente vem e limpa a tristeza. Renova o gosto de infância.

[falar de pais para mim é tão íntimo]