terça-feira, julho 06, 2010

Uterina almarilha

"Eva, I'm sorry but you will never have me
To me your just some faggy girl and I need a lover with soul power
And you aint got no soul power"
OF MONTREAL, Bunny Ain't No Kind of Rider


Um dia exaustivo e a cama. Eu amo a cama.

A cama e seu tamanho excessivo, seu edredom-virol-coberta, mais travesseiros do que preciso, o reino sultanesco prometido de quem acorda às cinco e meia e só volta às oito da noite. Luxo que é um útero para esses um metro e setenta e quatro, mais alguns centímetros de cabelos e unhas, essa menina gigante que adora retornar a um sono profundo e primordial, e nascer novamente. Ou não nascer. Ou esquecer...

...Da cama e seu tamanho excessivo, que faz eu me cansar rolando de um lado pro outro antes de pegar no sono (p'ra aproveitar o espaço). Seu edredom-virol-coberta que são exagerados até para o inverno, e mal suprem falta de calor humano. Dos muitos travesseiros que não substituem os abraços. Calvário de quem acorda cinco e meia da manhã e volta só às oito da noite, não se importando em gastar um pouco mais o corpo com alguém. Para lembrar que estou aqui, mas isso estranhamente só faz sentido porque alguém está aí, que me entenda/faça entender melhor que um espelho, que um útero. Falta um cordão umbilical para adultos, que dê mais que alimento: alma. Lama. Anagramas, trocadilhos infames e risos. Riso e outro esquecimento.

Eu odeio a cama.