terça-feira, setembro 27, 2005

Pergunta


"O poeta deve ser triste?", por Abud

Este não é um blog de perguntas e respostas. Tampouco um blog de certezas. Eu diria que é um blog de tristezas e felicidades (ou seria de felicidades e tristezas?) e, acima de tudo, de incertezas. Então sinto-me tentada a responder (ou tentar responder) a pergunta retórica de Abud, pois ela é um mistério para mim.

Algumas associações desconexas e imediatas: "poesia é o que se perde na tradução", e a tristeza se perde na tradução, pois nunca será profunda o suficiente (então poesia é tristeza); "o samba é a tristeza que balança", e a poesia é a tristeza que é exalada pelas palavras como veneno, balançando-se no ar (então poesia é tristeza); "o poeta é uma ilha cercada de palavras", então o poeta é só, e sendo só, é triste (então o poeta é triste).

Mas não. Não consigo, não quero acreditar que a beleza está na tristeza, que a beleza é masoquista e sádica. Se poeta é quem brinca com as palavras ao seu bel-prazer (ou bel-sofrimento), eu sou uma poeta. Estou fadada ao sofrimento? Não creio.

Tive agora uma vontade, vontade de escrever sobre a felicidade, sobre como eu gosto de jujubas, sobre como eu corro à noite para sentir o vento e o cheiro das damas-da noite (me sentido uma também), sobre como sorrisos me dão frio na barriga, sobre como eu gosto de rir até doer o peito, sobre como eu gosto de amar em todos os sentidos mais do que ser amada, sobre como eu tenho um milhão de motivos bobos para sorrir. Serão os motivos bobos que tiram a poesia da felicidade?

Por ora, as tempestades em copos d'água ainda parecem muito mais atraentes. Ainda.

(Filhas prediletas do Rajneesh também têm missões. Acabo de encontrar uma nova, e será concretizada no próximo escrito -pois as prediletas são muito eficientes também).

6 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre uma alma doce e translúcida reina nesse cantinho. Vc é única, original...
Tão tenra na idade e tão sábia nas palavras...
Beijão

Anônimo disse...

Bom eu refleti sobre este assunto outrora. Em um momento de felicidade vc nao quer para, interromper, para pegar um lapis e um papel e eterniza-lo em poesia, vc quer vive-lo. No momento de tristeza vc a congela, mesmo que por poucos segundos, enquanto escreve. Por isto somos tentados a escrever quando trsites. Eu escrevo muito sobre a felicidade na tentativa de eterniza-la. De sentir algo bom no peito. O poeta, nao que eu seja um, nao tem que ser triste embora a maioria eh...
Abracos;

Anônimo disse...

Olá Luísa, estou de volta! Sinto muito por nao ter comentando em seu blog durante esta semana que passou, eu até que fiz algumas tentativas, mas o micro simplesmente cismou e sua pág. não abria de jeito nenhum, pra minha tristeza é claro. Mas agora que td normalizou, cá estou eu... visitando vc! Sabe, eu nunca pensei que o poesia e tristeza fossem sinônimos... ocorre q qdo estamos tristes parece até que as coisas afloram e fica+ fácil expressas nossos sentimentos. Mas o poeta deve ser mesmo é feliz, portador de boas-novas, mostrar e pq não ensinar felicidade! Eu adorei o texto... Beijos!

Anônimo disse...

o poeta deve ser ele.

Anônimo disse...

Divertindo? As vezes sim... as vezes nao... Mas como diria o teu pai, Rajneesh, o amor eh mais que vida pois a vida, como a morte, esta contida neste. Por isto as vezes me divirto, as vezes nao, sou como uma montanha russa entre a vida e a morte. De fato entre este dois todos estamos, mas poucos aceitamos...
Abracos;

Anônimo disse...

Eu acho que a tristeza existe para valorizarmos a felicidade.