sábado, setembro 24, 2005

Sobre o despreparo

Que apresente-se o indivíduo que nunca enlouqueceu de tristeza, que nunca mergulhou de cabeça no abismo, que nunca sentiu-se o mais só da humanidade, que nunca quis raspar os cabelos para desmatar a ilha que (afinal) era, que nunca pensou em suicídio: declare-se o vencedor no jogo de viver.

Alguém? Não. Somos todos perdedores. Somos perdedores considerando "perdedor" como aquele que não se tornou ainda exímio na arte de ser feliz (ou de não ser triste). Somos perdedores que não aprendem com os erros e que, portanto, nunca serão vencedores.

A tristeza bate na porta na noite vazia e chuvosa, e abrimos por curiosidade. Ela entra e rouba-nos os movimentos. Ela entra sem pedir licença. Ela mostra-nos o que é profundo, o que é viver. Para viver é preciso morrer. E morremos um pouco.

Quando a felicidade vem, menosprezamos a tristeza, e por vezes esquecemos que ela veio. E que virá novamente. Nunca deixamos a casa arrumada para recebê-la novamente.

E, como bons anfitriões, sucumbimos.

8 comentários:

Anônimo disse...

A questão é: só perdemos quando acaba. e quando acaba?

eu ahco que nunca, somos espíritos eternos e com potencial de evolução. perfeitos seremos um dia, mas as oportunidades de hoje são únicas, assim como as de ontem e as de amanhã.

;o)

Anônimo disse...

tudo tão complicado sobre tristeza e alegria. você me conhece, lu. sabe o que eu penso. como me sinto. nunca deixe a casa arrumada pra tristeza. se não, ela gosta e acaba ficando.

Anônimo disse...

despreparo... acho que esse seria um eufemismo melhor que instigante...

Anônimo disse...

E, como bons anfitriões, sucumbimos.


vc é muito clara.

Anônimo disse...

Na minha concepcao os perdedores sao os que nao jogam o jogo da vida. Para mim soh eh capaz de ser feliz quem corre o risco de ser triste... Sao poucos os artistas do palco da vida ...

A tal chuva eh cartao de visita da tristeza mesmo... eu roubo minha forca do sol, meio inca...
All the best to you;
Take care;
Douglas

Anônimo disse...

Pelo menos a melancolia produz bons textos. O poeta deve ser triste?

Carlos Leite disse...

A tristeza é um saco!

Anônimo disse...

Nossa, perfeito. Exatamente o que acontece. Quando estamos felizes, esquecemos da tristeza. Isso mesmo. Beijos menina. [e cara, tua foto do blog tá muito foda. Na boa.]