segunda-feira, agosto 22, 2005

Bloqueio

Eu não consigo mais escrever. As músicas, ó céus!, não saem da minha cabeça. Entram pelos meus ouvidos e ecoam, ecoam, melodiosas, na minha mente - dizendo por mim tudo o que eu queria dizer, mas não sabia. Minhas angústias, paixões, desilusões, esperanças, todas, dançando serenas em bocas alheias.
Me sinto impotente ao pensar que existe algo que impeça a mais íntima de todas as minhas relações: minha lapiseira preta. De que valem as palavras que aprendi, as que irei aprender, as que nunca aprenderei, o estilo, as alusões, o texto, o intertexto, o contexto, e todo o resto do universo da escrita no qual entrei de penetra (e sem querer) se tudo o que eu tenho a dizer foi dito por vozes suaves e dedilhar de violões?
Sim, elas falam de tudo: de como dói a ausência e a rejeição, de quão eterno é o amor, de como o mundo me mantém embasbacada e admirada, de como desejo que minha vida seja um filme (se já não o é), da saudade, do medo, da vontade de morrer e da ânsia de viver.. De tudo (tudo!) que é minha vida.
E agora, silenciosamente, com braços baixos, adormecidos, e o olhar perplexo, percebo que todos os meus mistérios que tento (com muito custo) desvendar e passar para o papel já foram cantados por estranhos.

Somos todos tão iguais assim?

5 comentários:

Anônimo disse...

Lu, não somos iguais. Mas o amor, o carinho, a saudade, a vontade, a ausência, o tesão, o ódio... Sim, os sentimentos são os mesmos. E não há ser humano tão especial que sinta hoje o que nunca alguém tenha sentido um dia. É uma desilusão, eu sei. Mas é a mais dura realidade.

Anônimo disse...

Oi Luísa... hoje não sei o que dizer tbm, se já cantaram o que vc quer escrever, comigo já escreveram o que eu queria escrever tbm. Por sorte, amanhã é outro dia e o que não era motivo de se expressar hoje, pode ser no amanhã. Ah quer saber? Tem horas que é melhor ficar calado, como agora eu vou ficar... em silêncio.

Anônimo disse...

bah, com certeza algo sobrou para você mesma criar suas canções. nem que seja a originalidade do óbvio, nunca versado antes devido a esse exato fato.

o que é manganona?
me deixou intrigada

Anônimo disse...

Luísa... pensando bem até quando vc diz que não sabe escrever vc escreve... ehehehe... gostei de perceber isso! Um super abraço!

Anônimo disse...

somos?