terça-feira, outubro 03, 2006

Histórias de Metrô II (parte I)

A estrutura cinza, sólida, rígida. As portas automáticas, cortinas? A caixa metálica, palco? se as cadeiras, platéia? Praticamente um teatro futurista, a arte andante de ouvir conversas alheias. O espetáculo pro qual você não pode olhar, muito pelo contrário, deve fingir que não está ali, ser indiferente à vida à sua volta, morrer um instante para assisti-la em outrem. Assim fui cativada por uma voz feminina e uma masculina, não de uma conversa curiosa ou corriqueira, e sim uma conversa tão... comum.

"Eu te amo."
"Eu também te amo."
(beijos)
(murmúrios femininos)
"Mas por quê?"
"Não sei..."
"Você não me ama?"
"Amo!"
"Então, por quê...?"
"São outras coisas, não sei... Amo sim, mas assim não dá..."
"E o que é?"
"Não posso falar."

Wylde falou através de Mr. Henry sabedoria que não poderia ser tão contemporânea, se antiga. O amor é lindo, é como um espetáculo. O problema é que as mulheres sempre insistem em um ato a mais e o amor, como um espetáculo, tem seu fim - e assim deve ser aceito. Eu disse anteriormente que a história não era curiosa, era comum, mas menti de certa forma... Por um instante achei curioso um homem estar ali, tentando compreender o fim, suplicando com os olhos que eu não via por mais um, dois atos... ou a eternidade! E o sorriso malicioso de Dorian Gray que eu não via apareceu nos cantos dos meu lábios, mas a risadinha discreta que dei por dentro eu senti, sim. Ô se senti.